As bênçãos nunca vêm sem problemas, e os problemas nunca são isentos de bênçãos. Segundo Nietzsche, uma vida plena não é aquela em que você aprende a se livrar do sofrimento, das lágrimas, das preocupações e dos arrependimentos.

Estava aqui ouvindo filósofos que afirmavam que “a razão era a liberdade do sofrimento”, quando Nietzsche passou a pintar uma perspectiva um tanto irônica.

Aos 22 anos, descobriu uma das obras seminais do filósofo mais pessimista da história, Schopenhauer . Rapidamente, transformou os lamentos de Schopenhauer em seu mantra pessoal. Algo como:

“Estamos enganados se pensamos que a vida é sobre algum tipo de realização. A vida nunca prometeu isso. Se você quer viver uma vida livre de dor e decepção, tudo o que precisa fazer é ajustar suas expectativas. Da próxima vez que a vida lhe der um tapa na cara, ela não o comoverá, pois você saberá esperar por isso e viverá com isso.”

Uma vida sob o mantra do pessimismo levou Nietzsche a uma descoberta curiosa por volta dos seus 30 anos. Ao expandir sua mente por meio de viagens, amigos e manhãs observando o nascer do sol, ele percebeu que os homens que mais admirava na história (que, pode-se dizer, viveram vidas grandiosas e gratificantes) não eram pessimistas.

Todos eles tinham certas coisas em comum:

• Eles se apaixonaram e enfrentaram decepções amorosas repetidas vezes.
• Eles eram “curiosos, talentosos artisticamente e sexualmente vigorosos”.
• Apesar de seus lados sombrios, eles “riam e muitos deles dançavam”. Eram atraídos por prazeres simples como o nascer do sol, tardes perto da lareira e dias tranquilos imersos em livros.
• Eles eram “ativos e envolvidos no mundo”, realizando trabalhos que transformaram organizações, sistemas e perspectivas. Transformaram seu pensamento em ação e mudança.
• Eles eram “propensos à aventura”. Viajaram pela Europa a cavalo, escalaram o Monte Vesúvio e se maravilharam com a lua às cinco da manhã nas ruínas de Pompeia.

“Eles não se divorciaram da vida, mas mergulharam completamente nela.”

Nietzsche também observou que nada disso seria possível alcançar sem viver em completa miséria pelo menos parte do tempo.

“O prazer e o desprazer estão tão interligados que quem quer ter o máximo possível de um deve também ter o máximo possível do outro.”

“Os projetos humanos mais gratificantes são inseparáveis ​​de um certo grau de tormento. As fontes das nossas maiores alegrias estão estranhamente próximas daquelas das nossas maiores dores.”

“Examine a vida das pessoas melhores e mais frutíferas e pergunte a si mesmo se uma árvore que supostamente cresce até uma altura digna de orgulho pode prescindir do mau tempo e das tempestades. Se o infortúnio e a resistência externa, alguns tipos de ódio, ciúme, teimosia, desconfiança, dureza e avareza não pertencem às condições favoráveis ​​sem as quais qualquer grande crescimento de uma única virtude é dificilmente possível.”

Das profundezas da perspectiva pessimista, Nietzsche revelou uma curiosa vertente de otimismo. Sua nova visão de mundo era rica em todos os paradoxos da vida – nossas maiores dores dão origem às nossas maiores alegrias. Nossos ciclos de abundância sempre nascem em nossos ciclos de sofrimento.

Quando sofremos, não devemos transcender a dor através da razão. Devemos mergulhar completamente na dor para encontrar a coragem de transformar nossas lágrimas em ação.

Dessa ação surge a missão da nossa vida — o trabalho que dará origem às nossas maiores alegrias.

Fugir da dor é escapar da felicidade. Fugir da dor é escapar da vida.

#pensenisso